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Situando a sua inspiração num signo condutor de vida, Soiedade Summavieile deu impulso novo à sua poesia, retirando-a da circunstância individual para um mundo mais vasto em que a Humanidade sente pendente sobre si as influências cegas, para o bem e para o mal, para a elevação e para a queda, numa obediência ao invisível e ao incognoscível. Isso confere ao seu lirismo presente uma dimensão humana que não se adivinharia à primeira vista, nem à primeira vista poderia proporcionar que se julgasse assim. E isso, de facto, estava nos seus anteriores poemas, como se a escritora obedecesse a um fatum, de que resultava uma poesia muito pessoal, muito incon-fundível, muito só sua a divorcía-la de escolas, de tertúlias, de influências.

Esta recolha patente em “Sagitário” dá-nos, pois, essa certeza última sobre a poesia nascida com uma maturidade de confecção que não é vulgar; com uma substantivação de palavras de quem distingue entre o verbum que é essencial e as circunstâncias que são sempre acidentais; com um sentido de ritmo interior tão profundo que sobra para a expressão formal, sirva-se ou não rima (e esta não fácil, mas sempre natural); e, finalmente, para um conjunto de imagens de uma pureza que define por si só — e é o bastante — toda a autenticidade derniúrgica, patente nos livros passados e neste, presente: Sagitário.

O poema com que abre o livro agora publicado, é por si uma poemática, no sentido mais alto. Está, ali, tudo. Pois em Horoscópio está a autora, os porquês da sua arte poética, a beleza e a pureza das imagens, mais o cumprimento de um destino, além das acessórias circunstâncias de que anteriormente falei. Pois se eu quisesse definir Soledade Summavielle como pessoa e cormo artista de outra coisa não necessitaria de lançar mão do que deste poema: onde está tudo n'”uma toada cristalina / na linha do horizonte adivinhada”.

 E não só. Porque o imprevisto faz parte, também, do quotidiano do poeta, ainda quando obedeça aos signos todos do Zodíaco: “De quando em guando o Poema bate à porta / Em circuito de luz e a alma acesa”. E a resultante dessa poesia em visita é aquele segredo que o “forasteiro de lendas e de luas” deixa ficar como pólen na sensibilidade em estado de levedação. Percebe-se, pois, a estranha sensibilidade patente nestes versos que são poesia e nesta poesia que é toda autenticidade e coração aberto às palpitações da vida. Tão certas, tão importantes, que nelas estará sempre o apelo telúrico da sua terra, essa onde se confinará seu corpo, para sentir “em hora derradeira” / até florescer do teu abraço”. Um “denso contacto, terno e lasso” o dessas “leivas quentes”— onde a escritora desejará repousar na final da sua jornada na vida, no mundo, sabendo ser sua alma do Além (Céu), mas seu corpo da terra, essa terra do verde Minho a quem confiou sua “Carta de Amor”.

Eis, em síntese, algumas conclusões tiradas de uma leitura do livro mais recente de poemas de Soledade Summavielle. Que não serão derradeiras, pois os versos todos dessa poesia dariam motivação para outras considerações, não mais frutuosas por si, mas, sim, pelos temas que as tornam possíveis. Exactamente os que estão implícitos ao lirismo desta escritora, por cedo uma das poetisas com maior interesse de leitura, exactamente num tempo em que a poesia anda fugida dos versos e também dos poetas (?) que, às vezes, os escrevem.., como que cometendo-os.

Rui de Campos

Época, 19 de Fevereiro de 1974

 

 

Repouso na penumbra desta hora

Iluminada de planos vários.

Amazona cansada e desavinda

Com ventos agressivos e contrários,

Apeio-me da sela e sonho ainda.

 

E este é o “mal maior”, o mal insanável ... Já Dele vai subir o poema “Sagitário”, segundo o livro do mesmo título de Soledade Summavielle. E do golpe os cinco versos, de ritmo tão leve e tão forte, nos dão, da artista, o retrato verdadeiro e sucinto. Tacteamos o escrito, andamos em redor do rosto tenso e rico de contrastes. Podia o quinteto correr o título ou trazer a legenda “O Repouso da Amazona”... Soledade aquieta em lirismo, numa volta ditosa da Terra, no poiso de um instante de oiro, para logo se soltar, se desfechar em mais lirismo.

Sustenta aqui o discurso, delicado e violento, uma coluna de antítese; por isso falei num rosto tenso de contrastes, de entrechoque. À mesma hora em que Soledade repousa é “iluminada de planos vários”; sorri o seu poetar “desavinda com ventos agressivos e contrários”. Há bardos contemplativos que venturosamente sossegam, em éclogas, repetindo-se sob a abelha virgiliana, e por entre as ramagens arcádicas do uma paisagem firme; outros há que se vão por solidões desabrigadas (onde, todavia, pica um viço de flor) que galopam perenemente, insubmissamente, mesmo que o inimigo acometa e o vendaval avassale. O poeta de “Sagitário” pertence à família de nómadas do Ideal, cavalgando o mover das nuvens num céu tragicamente dividido, estacando às vezes a caravana e plantando às vezes a tenda à beira de uma povoação sossegada, antes de desmancharem o acampamento e abalarem para a outra cidade poética, feita de fogo e provisória...

O “sonho” tem, aqui, um passar vasto e fecundo; Soledade jamais cessa de sonhar; e amando, e mesmo provocando, a batalha — tão poeta é que ao rubro dos seus modos uma flor vem e pacifica:

Insubmissa, sim, que não me rendo

A voz da tempestade.

Mas há no meu olhar entrega de alma,

E mesmo em plena luta, humanidade.

Meus gestos rubros, que uma flor acalma.

 

Rompe de uma raiz trágica esta feminil poesia, tão tumultuosa e pousada. Frágeis são suas asas — e, no entanto, obstinadas, e, no entanto, ousadas:

 

O mal maior vem destas asas frágeis

Todavia teimosas e ousadas

Que se arriscam sangrando

E tão depressa tombam, alquebradas,

Como renascem, não sei onde ou quando.

 

Este é o “mal maior”, o mal insanável ... Já o sofreu Camões sob o varando arisco de Natércia noivando-se, e ao pé do catre submisso de Dinamene finando-se; já o padeceu Florbela, a exaltada, de peito a flamejar paixão, furores, charneca. solidão, alentejos... Soledade, a ardente, essa, escrevendo, não rebusca o corte inédito do verso: põe essa alma no vaso de versos que têm o talhe sólido da tradição. Florbela calma o ardor na ciência do soneto — que é o poema (mesmo se nele ardem febres) que sempre vem encerrar a chaveta disciplinada desse terceto terminal que até apetecia chamar cartesiano. Summavielle é fervorosa como Espanca, ainda que de menos harmonioso engenho; mas não se peça ao Sagitário que desfecha a chama da seta o labor paciente da rima lavrada e o método que gera lógica e geometria e perfeição. O valor de Soledade está justamente na fuga da flecha que vai certa ao alvo para, docemente, felinamente, inexoravelmente, fazer saltar o sangue. No volume “Sagitário” grita um “vermelho alucinante”.

 Volume esse talvez desigual, mas onde não há poema que não alce um verso alto, ou engaste intensas fantasias de imagens, metáforas, sinestesias: “o teu perfil sereno e vertical”; “pequeninas folhas, esmeraldas do tempo”; “nunca estou só que uma flor vem farzer-se conhecida”; “o poema ... traz a roupa manchada de tristeza”.

E, às vezes, em trechos largos, as imagens encandeiarn um extenso rebrilho; é, agora lúcido, é, agora lógico, o poema. E corre, vivo, em clarões de sinceridade; e finda, concertado, colhendo o mistério na sua rede dextra:

De quando em quando o poema bate â porta

Em circuito de luz e alma acesa.

Por vezes vem dorido ou arquejante,

Traz a roupa manchada de tristeza.

 

Forasteiro de lendas e de luas,

De gestos verdes, caminhando a medo,

Solta palavras ensaiando a voz

Em que nos há-de dar o seu segredo.

 

Sagitário, uma vontade de poder; Soledade, um poder do lirismo:

 

Flor ou cardo que importa o horizonte,

Se meu canto o cobriu e o endeusei?

Nuno Sampayo

A Capital, 20 de Fevereiro de1974

 

 

 

Este novo livro de poemas, confirma a opinião em nós deixada pelos anteriores: —Soledade Summavielle é uma verdadeira Poetisa. O que mais me chama à atenção em seus poemas é a fluência dos versos, a musicalidade e o colorido, a originalidade com que trata os variados temas, como “Verdes áleas”, “Solidão povoada”, “Esperança”. Este último, por exemplo:

“Ergo-te ao alto vermelha! / Cais-me pálida nos braços ... / Renovo o meu gosto de onda / Que se desfaz em estilhaços / Sobre as águas do teu mar./ Há uma confiança metafísica, / Neste teimoso esperar».

Há uma coisa — uma só — em que não estamos do acordo ernbora respeitemos e opinião dos outros: no título do livro. Como não acreditamos na força dos horóscopos, o termos nascido neste ou naquele signo—francamente, não sabemos em qual — nada, nos diz. Mas é uma opinião — a nossa opinião.

Diário do Minho, 21 de Fevereiro de 1947

 

 

 

Soledade Summavielle, que temos por uma das mais significantes poetisas portuguesas da actualidade, continua fiel ao seu rumo poético, de que só se desviou com a prosa de “0 Pirilampo do Bairro”, de expressão poética, afinal. “Sagitário”, o volume que, há pouco, deu a público, é mais uma acha a converter-se em labareda na fogueira das suas intensas emoções líricas. Fiel ao seu rumo poético significa, também, fiel à sua maneira de ser de artista da poesia. Raras vezes fazendo concessões ao modernismo imperante, continua a cultivar a arte poética, fazendo versos, autênticos versos, que se compreendem e, sobretudo, se sentem, como manifestações de uma poética passível de modificações formais mas firmemente, inalteravelmente submissa aos cânones da verdadeira poesia.

Sagitário, o signo zodiacal sob que nasceu, inspirou e o resultado da inspiração foi uma série de composições encantadoras em que a poetisa alcança, porventura, alguns dos mais altos momentos da sua criação poética. Lírica, sentimental, amorosa, como toda a poetisa portuguesa que se preza não deixa de ser para bem corresponder à, digamos assim, típica idiossincrasia nacional, algumas das suas estrofes, alguns dos seus versos são como que envolvidos por forte rajada espiritual e, porque a poesia de Soledade Summavielle é, essencialmente, espiritual, nada mais agradável do que acompanhar os seus nobres arroubos poéticos, em que tudo, na verdade, é “carga emotiva e uma voz que se ergue / para cantar o Amor”. Os versos de “Sagitário” foram feitos para serem cantados com o coração ...

O Comércio do Porto, 22 de Fevereiro de 1974

 

 

 

Na verdade, ser poeta é um raro dom de Deus! É viver, compreender a Natureza—muito para além do estéril materialismo da vida. Possuir um sexto sentido, uma linguagem pertença de poucos. Habitar um reino de sonho, onde raros penetram. Perceber a fala do vento, os queixumes das vagas, o murmúrio da fonte, o ruído das asas, cortando o azul do céu. Ser poetisa—afirmei-o já é ser como uma criança que se perde num imenso bosque. Debate-se na ânsia de encontrar um caminho, a saída ...

—É um misto de religiosidade, crença, estado de alma, pureza de sentimentos, Esperança. Esperança, que jamais se deve destruir —me faz recordar algo, que escreveu Maïokski:

“Se matarmos os rouxinois, camaradas—quem cantará para nós nas noites do verão? Sim, se abatessemos a poesia, quem poderia novamente escrever-nos:

 

«Mas foi tão doce o gosto da ilusão,

O devaneio, a sensação de ser ...

«Flor de um dia» plantada nos sentidos

A doirar o Instante, e a esquecer".

 

Seria de facto, como uma noite sem estrelas, muito embora nem todos possam ler nelas …

 — Não sou juiz de coisa alguma, mas apenas um mero leigo, seja do que for. Todavia, permita-me Soledade Summavielle, que lhe confesse algo: — ao ler o seu livro—pareceu-me, iria jurar, deslizando no papel, todos os fantasmas de mulher que um dia, distante, povoaram o coração de Lord Byron:— Miss Milbante, Condessa Teresa Gamba Guiccioli, Mariana Segatti e Fornarina! Vultos alvos, apaixonados, trepando as escarpas do Castelo dos Mouros, em Sintra— onde o poeta viveu. Mãos delicadas, femininas, surgindo das águas do grande Canal de Veneza. Suplicantes! Palavras suaves, a transbordar amor, ditas por entre as rumas da Acrópole. Bocas de mulher, oferecendo-lhe o derradeiro adeus, em Missolonghi —pois os poetas também morrem .

Carlos de Riobom

“ Desforço”,  28 de Fevereiro de 1974

 

 

Neste novo livro de poemas, Soledade Summavielle confirma uma vez mais e de forma exuberante, a sua capacidade criadora e a beleza estética da sua arte.

A poesia acontece-lhe, assim, espontaneamente, com harmoniosa ressonância e define um espírito que não se intraquiliza nem desespera. A crítica tem-lhe apontado uma serenidade característica e cremos que ela terá permitido à poetisa uma consciencialização plena de fenómenos e sentimentos. Vejamos que aqui e além, num ou noutro poema de temática saudosista, Soledade Summavielle alia à serenidade um equilíbrio evidente de expressão sentimental, sem cair em pieguices. Uma artista, portanto, com a devida segurança estética a exigir do interiorismo somente o que seja susceptível de fundamentar a temática do poema

Tudo se esbate no tempo

Excepto a cor da saudade.

Meu Natal provinciano,

Porque desces à cidade

Com tuas faces de mel

Cortando o silêncio rente

E abres rosas aos meus olhos,

Na arte a poetisa é

… uma voz que se ergue

Para cantar o Amor.

Num dos seus poemas mais belos, entre todos os belos poemas que escreveu – “Vedes áleas” – a autora atinge um ponto alto de arte e sentimentalidade, serena e altiva na sua consciência de dor e saudade.

Embandeiro em arco as verdes áleas,

Da terra onde nasci, para a cantar,

Ternura de pensar-te berço quente,

De embalar.

 

Raiz daquela árvore fragrante

De que um dia flori, de onde me vem

Uma saudade doce e comovida -

Minha Mãe.

 

Sob a polpa macia dos teus dedos

Me ressoam acordes de setim…

Terra ondulante, um dia serás leve,

Sobre mim.

 

Soledade Summavielle subtrai ao seu “mundo” as realidades magníficas dos seus poemas e no mundo que a cerca surpreende fenómenos que uma fina sensibilidade envolve em amor:

 

… Poema bate à Porta

Em circuito de luz e a alma acesa.

Um lirismo que nos fica na alma – ressonante, com sortilégios…

S.M.

Comercio de Guimarães, 2 de Março de 1974

 

 

Ser poeta é uma coisa que acontece, tão maravilhosamente simples e natural como o nascer do dia ou o fluir da água murmura ao longe de uma vertente. Tão naturalmente como essa corrente, o Poeta faz ouvir a sua voz e espalha a beleza que foi com a simplicidade pródiga de quem não avalia o tesouro que distribui.

O problema, pois, para mim é o de se saber como se nasce Poeta, o de conhecer a razão que o leva a fazer associações canoras com a real eficiência das coisas que parecem simples e com a dificuldade imensa das coisas que são infinitamente naturais. Como isso acontece não sei, sei apenas, que acontece e que, quando se verifica, a riqueza em sensibilidade e beleza, que é o património mais rico da humanidade, aumenta consideravelmente.

No poeta há graus de evolução como todas as coisas que estão no Mundo e do Mundo querem a inspiração de que se alimentam. Daí a natural evolução que se nota ao longo de toda a obra de Soledade Summavielle, evolução que a enriquece e nobilita, que a depura e reforma, que lhe dá novas vivências, fruto natural da Mulher madura e experiente que vive com mais intensidade e encontra novos aspectos na recordação do caminho andado.

Essa maturidade de experiência e de recordações, esse encarar da realidade poética sob o prisma de um tempo em constante fluir e para o qual não há retorno, transmite aos sus Poemas uma emoção nova, concede-lhe cambiantes de saudade – vivência que, tornam mais sedutores e mais reais.

O culto precioso do poema já não é preocupação porque sentimento e forma se tornam próprios do Poeta que só dentro deles, sabe viver e sentir. “Sagitário”, tempo de fim de verão, quando o Outono se anuncia e os poentes são mais ricos e quentes, é bem o título simbólico e o anuncio daquela plena maturidade de sentimentos e de ideias, época de plenitude de realizações que o Poeta sabe bem ser a sua.

Os temas são diferentes? Talvez o não sejam mas, sendo outra a vivência, aparecem como realidades novas e sem precedentes que nos ensinam e nos conduzem.

Na poesia de Soledade Summavielle há a permanência das realidades que viveu em Menina e Moça e que a marcaram, para sempre, ao longo de uma vida rica de experiência e requintes de sensibilidade. Eu, que vivo na terra que a viu nascer e que me embalo no encanto que a cercou na sua meninice, é com profunda emoção que tomo minha a saudade da Carta do Amor que ela dirige a Fafe – Verde Minho – Portugal:

Terra Querida:

A minha alma é do céu.

Mas o meu corpo,

Esse há-de confiar-se

Às suas leivas quentes

E há-de abandonar-se

Ao teu denso contacto, terno e lasso,

Em hora derradeira,

Até florescer do teu abraço”.

 

Temas simples mas ternos, desprovidos daquela complexidade e do obscurismo que são o timbre de certa poesia. Temas ao alcance da gente simples, por provirem do lirismo tradicional e verdadeiro que não passa e que é sempre novo.

Poeta do Povo e para o Povo, Mulher num tempo em que é difícil ser Mulher verdadeira, Soledade Summavielle é um exemplo vivo e dignificante do muito que da mulher e da sua capacidade há a esperar.

Por isso, como Mulher e como leitora, lhe agradeço o que tem feito para o enriquecimento de uma tradição lírica que começou com a divina Fafe e se vem perpetuando ao longo de séculos de sofrimento e de crescimento até ao florescer radioso de certeza que é o nosso de hoje e de que o “Sagitário” é exemplo marcante.

Nós, aqui em Fafe – Verde Minho – Portugal, continuamos a guardar sequiosos, o próximo livro que será um novo breviário guia de lirismo e a certeza de mitigar a fome de Beleza de que estamos, todos possuídos neste Mundo cada vez mais prosaico.

Maria Antónia R. Sousa

Noticias de Fafe, 16 de Março de 1974

 

 

Em dez anos, com sete livros de poesia publicados, Soledade Summavielle assumiu na literatura portuguesa de hoje um lugar que é já, justificamente, dos mais destacados e prestigiosos. A sua voz lírica tem a limpidez de melhor poesia clássica e, ao mesmo tempo, a modernidade formal da poesia contemporânea mais audaciosa. O volume “Sagitário”, que foi agora publicado pela Sociedade Expansão Cultural, apresentam-no os editores com a caracterização que devidamente consagra o seu interesse e o seu significado: uma poética de mensagem e de amor, num alto nível artístico e consciência criadora. De uma modernidade discreta, sem alardes, Soledade Summavielle habituou-nos a esperar do seu tempo interior, algo que corresponde a uma delicada sensibilidade, perfeição estética e ritmo largo.

Um desejo simultâneo e contraditório de libertação e aceitação da leis da vida, vibração e calor humano são os traços característicos desta poesia habitualmente simples, directa e luminosa, por vezes magoada e dolorida suavemente musical e rica de ressonâncias de concepção idealista.

A poesia é para Soledade Summavielle a “mansão onde a beleza extreme canta”, tebaida onde ela vive a sua plenitude.

Jornal do Comércio, 21 de Abril de 1974

 

 

 

De uma modernidade discreta, Soledade Summavielle habitou-nos a esperar da sua poesia um ritmo largo, aliado a uma perfeição estética. Com “sagitário”, a autora coloca perante os nossos olhos o seu sexto livro de poesia. E escreve: “Nasci sob o signo do Zodíaco (…) Júpiter, o pai dos deuses, / é o meu planeta dominante”.

Com versos de uma beleza pura, viva e vivida, dá gosto ler até ao fim da poesia de Soledade, so pelo prazer de voltar a relê-la.

Sociedade de Expansão Cultural, 103 páginas

Diário Popular, 5 de Novembro de 1974

 

Críticas ao Livro Sagitário (Continuação)

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