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A poesia de Soledade Summavielle tem um sabor de sensibilidade confidenciada. Foi assim nas páginas de “Sol Nocturno” (1963); agora, no mesmo rumo prossegue através de “Tumulto”, recentemente publicado. Deixará perceber este título que nos encontramos diante de espírito convulsionado por incertezas e inquietações? Seria exagero chegar-se tão longe, seria mesmo desacerto apreciar a poesia desta Autora por meio de lentes tão obscurecidas. Então, errado de múltiplos anseios, todos de carácter artístico, que a têm levado por vários caminhos de expressão, como o canto e a cerâmica, leva a existência em perguntas sobre perguntas: sobre as misteriosas vozes que chegam aos seus ouvidos e as alturas que seus olhos fitam. Insatisfeita! Isto sim, insatisfeita e sempre, quem possui alma de largos trajectos, pelos jardins e areais do Mundo, assim teria de ser. Mas, quando termina, (no livro, pelo mesmo), virá a dizer-nos que não sabe porque se queixa, porque permanece insatisfeita, se a vida lhe deu tanto e ela, afinal, a ama e espera entre o interrogar e o concluir, pois as interrogações da poetisa podem situar-se a grande distância das satisfações da mulher. Assim teve de suceder, para que Soledade Summavielle pintasse os vários poemas sob o título “Tumulto” (Ed. da Sociedade de Expressão Cultural). Assinale-se, todavia, que a poesia desta Autora se oferece em voz baixa, qualidade de quem sabe que a maneira de fazer-se ouvir e, possivelmente, de convencer, não será nunca agitar ou apenas, se se enobrece, bem sabemos. No livro de Summavielle, porém, a nobreza encontra-se na delicadeza das confidências, seriedade do tom e na altura que atinge em cada poema. Longe como a Autora anda, por modéstia não premeditada, pouco se lhe dará saber que um novo êxito conquistou. Pois, queira-o ou não, merecido êxito realmente alcançou com a publicação de “Tumulto”.

 

Lauro António

Século Ilustrado, 14 de Janeiro de 1967

 

 

“O seu nome é bem conhecido. Soledade Summavielle, natural de Fafe, desde muito nova que se dedicou a várias manifestações de arte, tais como o canto, a cerâmica e a literatura.

Editado pela Sociedade de Expansão Cultural veio agora a público o seu último livro de versos – “Tumulto”, com uma capa de Júlio Gil.

Perto de uma centena de páginas que transbordam sensibilidade feminina e um invulgar poder lírico.”

 

O Primeiro de Janeiro, 2 de Março de 1967

 

 

“Sol Nocturno foi a sua grande revelação de poetisa. Ele nos dizia ter Soledade Summavielle destino e voz de poetisa. “Tumulto” é a confirmação disso mesmo. Ele põe, em definitivo, a sua autora no justo diapasão do vasto coral da lírica portuguesa. Não lhe falta, para isso, como nos dizem os versos deste seu novo livro, arte, personalidade, rigor e um estro que já se manifestara tão eloquentemente na sua precedente obra. Soledade Summavielle sabe como a poesia das coisas tem por limite a verdade que observamos e que a poesia do maravilhoso tende para a verdade que imaginamos. Se a primeira é mais precisa, pois não sai para além do mundo que se conhece, a segunda é toda a fantasia através do além sem fim. É a verdade suposta e concebida pela mente do artista para lá do invisível, enquanto a primeira, a poesia das coisas e da vida em geral, é a verdade que se observa e que a mente do artista mais perfeitamente concebe. Repete-se, assim, a linha dos seus anteriores poemas, em obediência à visão da beleza pelo prisma das suas faculdades e sentir o bem pelos acordes que a sua própria alma lhe deixa ouvir. O amor é o universo da sua lírica, o motivo que faz vibrar a sua alma. Soledade Summavielle mais uma vez se impõe como poetisa da mais alta estripe.”

 

Augusto Fraga

O Século, 3 de Maio de 1967

 

 

“Integrado na Colecção de Poesia “Convergências” da Sociedade de Expansão Cultural, surgiu, há pouco, nos escaparates, este belíssimo livro de versos. Poetisa, cantora, ceramista, Soledade Summavielle é um caso invulgar de temperamento artístico, de sensibilidade requintada, que sabe cantar em três dimensões, a Beleza, a Vida e o Amor.”

 

Autora do Lima, 30 de Junho de 1967

 

 

“Em vez de tumulto, que mal se adivinha agitando a alma numa estrofe, e surdamente, sente-se percorrendo aquelas páginas, uma voz harmoniosa e baixinha, dir-se-ia que normalmente submissa ao seu destino, e sobretudo essencialmente poética.. Quero dizer que flui numa expressão quase sempre nova e sugestiva pelo poder criador de sínteses breves como lampejos, símbolos adequados, luminosas imagens. Isto tudo com exemplar sobriedade, claridade límpida, numa bela realização em que colaboram harmoniosas, a inteligência, a imaginação e a sensibilidade.

            Tumulto? Sim, mas implícito, anterior ao surgimento do poema que o domina, segundo se diz na composição intitulada O Poema. Rio que desliza e tudo arrasta, febres altas, voos febris, ventos e tormentos, tudo, ao surgir do Poema, o halo desejado, de repente, ganha forma, esplende | como um raio de sol precipitado. Até o rio que tudo em tumulto arrasta, a Autora o vê, restrospectivamente – deslizando…

            Ainda bem que assim é. A Arte muito ganha em ser mais alguma coisa do que meio de convívio e comunicação de almas raras. Para além desse objectivo, que até no plano da animalidade se realiza, cumpre-lhe ser estímulo à ascensão espiritual, pela beleza – que é ordem e não tumulto.”

 

Hernâni Cidade

“Colóquio”, Revista de Artes e letras, 43 – Abril 1967

 

 

“A poesia de “Tumulto” é principalmente obra de paixão ou de passividade, ressonância verbal e musical, numa alma superior, de mensagem distante e etérea. Não é poesia de acção ou de actividade, em que o trabalho violenta, sem seduzir, a inspiração, para realizar perfeita obra de artífice, raras vezes artista. Em “Tumulto” ressalta a impressão evidente de que a poetisa que se revelou em “Sol Nocturno”, pode ainda dizer-nos mais do espírito subtil que lhe assiste em horas maravilhosas.”

 

Álvaro Ribeiro

 

 

“No belíssimo livro “Tumulto” a forte personalidade poética da sua autora, afirma-se em páginas de encantador, pessoalíssimo lirismo. Há nesta sua obra, poemas que são deliciosas e musicais obras-primas. Destaco: Milagre, O Amolador da Minha Rua, Esperança e quase citaria todo o livro.”

 

Augusto de Castro

 

 

“Tumulto” veio confirmar tudo que eu pensara de “sol Nocturno”.

É um livro diferente – e ainda bem, pois mostra que a sua autora sabe renovar-se. Desta vez, parte do tumulto que é a existência (tumulto exterior, mas sobretudo interior) e ei-la perseguindo intuições que a levariam (que muitas vezes a levam) a uma transcenção, a uma fuga, a uma ampla compreensão do caótico.

            Não há dúvida de que escreveu um livro existencial, que fez lirismo existencial, uma vez que arrancou os seus poemas de vivências próximas, cotidianas. Mas não se deixou ficar aprisionada ao círculo do existencialismo pessimista. Os seus poemas documentam a lograda tentativa para quebrar o círculo (sem negar o seu impacto) e por isso raro falta em todos eles a palavra esperança. Tal tentativa é quanto a mim, a nobreza de poeta, que tem a obrigação de não enjeitar as realidade da dor, da angústia, da solidão mas que ao mesmo tempo deve procurar ultrapassar o negativo e o sombrio da vida. Creio que o poeta, ao comunicar com os outros, não deve desesperá-los, ao contrário, deve socorrê-los, mostrando aquele fio de luz que a poesia mais alta sempre revela. Nos seus poemas não fala (ou raro fala) de Deus, mas eu senti afinal Deus em todos eles: o Deus-amor, o Deus-esperança, o Deus-consolador, o Deus do perdão e da vida transcendendo a angústia e a morte. O seu final, balanço, é bem um poema religioso, que testemunha a abertura excepcional da usa alma.”

 

António Quadros

 

 

“Ao ler “Tumulto” tive de novo a revelação experimentada no “Sol Nocturno”: a de ter encontrado uma vida dolor de vivir cantada harmoniosa e luminosamente.”

 

Natércia Freire

 

 

“Duas palavras de muito apreço a uma artista que muito as merece. Deste refúgio na Madeira onde vim em busca de mim mesmo, de melhor saúde e de sossego para trabalhar, quero dizer-lhe que gostei muito dos seus poemas do “Tumulto” e que por eles a felicito.

Com votos do melhor êxito, enviar-lhe cordiais saudações o seu admirador,

Ferreira de Castro.”

 

 

 

“Tumulto” fez-me crer que a poesia portuguesa, tanto em sentimento como em expressão, ainda não morreu. Se morreu, vejo-a ressuscitar nestes versos. O Tumulto de Fausto Guedes Teixeira e de Pascoaes, dois exemplos que eu poderia multiplicar por mil exemplos, aparece-me na sua pena com idêntica ansiedade e idêntico domínio.

Isto não quer dizer que não tenha tumulto próprio nem maneira própria de o dominar. Pertence aos nossos maiores sem deixar de ser quem é. Mas, o se brasão é de família – embora o enriqueça com façanhas muito pessoais. Avante é a sua divisa sem deixa de levar consigo os pergaminhos.

Que lindas poesias não contém o “Tumulto”! Algumas, como Clima, poderiam, figurar na antologia grega. Mas, não é pena que eu esteja a empalidecê-las com o meu juízo?

Se nasceram estrelas, que ninguém lhe toque…”

 

João de Araújo Correia

 

 

“Nos seus poemas, no poema que é todo este livro, não encontrei tumulto senão na capa, em sete letras que são desmentidas pela ordem admirável do seu sentimento poético que vem das origens do nosso lirismo e que pôde adoptar as formas de versificação moderna sem sacrificar a clareza do pensamento e sem abandonar os temas eternos que são o amor, a luz, as flores, as aves, as borboletas, as folhas secas, as roseiras, o sol, a paisagem, a ternura, a angústia, os sonhos, o vento, as sombras, o sofrimento – tudo o que veio dos cancioneiros a Bernardim, aos clássicos, a Garrett e aos maiores daquele ontem que ainda é o nosso tempo. Com tais elementos seria impossível fazer tumulto. Mistério e sinceridade. Mistério que não é hermetismo. Sinceridade, uma espécie de sinceridade contida, que não é revelação inteira porque a poesia solta-se da sua alma como bruma.”

 

Guilherme de Ayala Monteiro

 

 

“Tumulto” é sem contestação a viva afirmação de um talento poético em plena pujança.

A sua poesia entende-se e sente-se, naturalmente… porqu é poesia.

Paz é uma bela sextilha. O Amolador da minha rua é uma primosora e lúcida aguarela que lembra Cesário Verde. Clima é admirável de sentimento e de expressão lírica, como Ansiedade, A minha cidade e esse esplêndido Balanço, síntese insuperável de uma alma dedica e sensível.”

 

Artur Inês

 

 

“Os execelentes versos que formam o volume “Tumulto” patenteiam a marca da autêntica poesia. Dizendo deste livro o que disse de “Sol Nocturno”, ter-lhe-ia feito, creio, a merecida e devida justiça. Mas, se o outro serviu bem para aquilatar a sua arte de poetisa, este mostrou-me uma Soledade Summavielle na posse plena das suas faculdades criadoras. Estou certo de que com “Tumulto” entra na galeria dos nossos poetas verdadeiramente dignos desta distinção.”

 

Hugo Rocha

 

 

“Tumulto” de Soledade Summavielle, é um livro excepcional: alia a uma pureza clássica, uma forma original e pessoalíssima de exprimir poeticamente, o que há de mais subtil e de mais profundo não só no ser humano, mas no mundo que o rodeia.”

 

Domingos Monteiro

Críticas do Livro - Tumulto (continuação)

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